Gravidez desejada e gravidez indesejada
Uma gravidez indesejada na adolescência ocorre por várias razões: porque o método contraceptivo falhou ou pela má utilização do mesmo; porque não se utilizou qualquer protecção durante as relações sexuais; por falta de informação; pela existência do pensamento mágico de que “só acontece aos outros” ou, ainda, por crenças e mitos à volta das relações sexuais como, por exemplo: na primeira vez não há risco de ficar grávida ou quando “se faz de pé” não há problema!
Existem, também, gravidezes que são desejadas durante a adolescência e que são determinadas por padrões culturais ou por questões mais complexas como, por exemplo, o sentir que estando grávida se consegue o amor do namorado; a fantasia de que a gravidez lhe trará mais afecto, atenção por parte dos outros; como forma de sair de casa dos pais mais rapidamente ou até mesmo pela idealização de que o bebé lhe trará o “papel da sua vida”.
A decisão de ter um filho implica ponderação e diálogo sobre a responsabilidade de o ter, sobre a forma como um filho altera completamente a nossa vida e sobre as coisas de que é preciso prescindir depois da maternidade/paternidade.
Será que estou grávida? Será que ela está grávida?
Se existiram relações sexuais desprotegidas - pelos mais variados motivos - e a menstruação não apareceu na altura em que deveria surgir, não vale a pena entrar em pânico, mas também não adianta “fingir” que não é nada. É preciso reflectir um pouco sobre a situação e avançar para um teste de gravidez!
Este pode ser comprado na farmácia e levado para fazer em casa (com a primeira urina da manhã) ou então pode ser feito na própria farmácia (levando a urina num recipiente esterilizado). Podes ainda fazer o teste no Centro de Saúde numa consulta de Planeamento Familiar ou num Centro de Atendimento a Jovens.
Se deu negativo...
São muitas as raparigas e rapazes que já passaram por este tipo de experiência, sentindo certamente o mesmo pânico, os mesmos medos, tendo as mesmas dúvidas, as mesmas preocupações e partilhando a mesma esperança de que o resultado vai dar negativo e que tudo “não passou de um susto” ou que “felizmente desta escapámos”!
Desta vez tiveram sorte, mas é importante lembrar que nem sempre a sorte anda connosco. Após esta experiência, é importante pensarem no método contraceptivo que melhor se adapta e que não vale a pena correr riscos desnecessários.
Devem marcar uma consulta de Planeamento Familiar, quer no Centro de Saúde da área de residência ou outro, dirigirem-se a um Gabinete de Apoio a Jovens ou ligar para a Sexualidade em Linha, no caso de haver alguma dúvida quanto ao método que utilizam ou para obterem contactos de Espaços de Atendimento a Jovens na área da Sexualidade.
Deu positivo, e agora?
Uma gravidez precoce não planeada implica sempre uma tomada de decisão. Independentemente da decisão que se venha a tomar, é importante procurar o apoio de uma ou mais pessoas, para que esta possa ser uma reflexão ponderada e de forma a conseguir lidar melhor com a situação.
Neste momento surgem perguntas como: “o que vão dizer os meus pais?”, “como vai ser o meu futuro?” ou “será que devemos prosseguir com a gravidez?”. Qualquer que seja a vossa decisão, não deve ser fácil.
Procurem ajuda, falando com alguém da vossa confiança: o pai ou a mãe ou outro familiar, um professor, um amigo. Têm, também, a Sexualidade em Linha, a Linha Opções e a Linha Saúde 24, onde poderão encontrar o apoio de técnicos especializados em Saúde Sexual e Reprodutiva.
As várias Opções...
Quando confrontados com um teste positivo é natural o(a) jovem sentir uma grande angústia, sentir-se perdido(a), não saber o que fazer, onde se dirigir, com quem falar. Quando toma consciência da situação que está a viver pode ser a altura de todas as dúvidas. O que quer, o que não quer, o que esperava ou não, o colocar tudo em causa, o “desarrumar para voltar a arrumar” todos os pensamentos e sentimentos que o(a) assaltam.
Chega a hora de decidir...
Perante esta situação existem várias opções:
- Prosseguir com a gravidez e assumir a maternidade/paternidade;
- Prosseguir com a gravidez e, se esta for levada a termo, colocar o bebé em instituição oficial para adopção;
- Interromper a gravidez, tendo em conta a legislação em vigor (Lei n.º 16/2007 – artigo 1º). No caso de a rapariga ser menor de 16 anos, o consentimento para realizar a interrupção da gravidez é prestado pelo representante legal.
Qual a forma de tornar toda esta situação mais fácil?
Os jovens que vão ser pais deverão ser apoiados de um modo coerente, consciente e realista. O bem-estar afectivo é muito importante para a jovem grávida e também para o jovem que vai ser pai, que deve ser ouvido e a quem devem ser criadas as condições para a expressão de sentimentos em relação a si próprio, à gravidez e à alteração dos seus projectos pessoais e profissionais.
É possível continuar a sair com o grupo de amigos e namorar, mas de forma diferente. A gravidez não torna os adolescentes em adultos de uma hora para a outra, mas provoca grandes mudanças no seu ciclo de vida.
É importante a gravidez ser acompanhada por um médico, de modo a ir sendo vigiada a viabilidade da gravidez e o desenvolvimento do feto bem como a saúde da jovem.
Este é um assunto que não deve ser subestimado pelos pais, pelos adolescentes, ou pelos educadores e professores. O rapaz e a rapariga devem ser estimulados a pensar e a viver a sexualidade, não só como uma maneira de sentir prazer com as suas novas capacidades reprodutivas e sexuais, mas também acompanhadas de um conjunto de responsabilidades perante si e perante a sociedade.
Fonte: Portal da Juventude
Para mais informações consulte:
• Portal de Saúde Sexual e Reprodutiva: http://www.apf.pt/
• Portal da Saúde: http://www.portaldasaude.pt/portal
• A sexualidade em linha.
A Linha Telefónica de Ajuda - SEXUALIDADE EM LINHA – 808 222 003, privilegia a informação, esclarecimento, orientação e encaminhamento na área da Saúde Sexual e Reprodutiva.